11/07/2013 atualizado às 11:03

Como anda sua vida amorosa?

Já encontrou a sua “cara-metade”?

             Quando o achei, me perdi; quando o perdi, me achei. Para muitas pessoas o grande dilema de sua vida amorosa é fazer uma opção entre uma dessas duas sentenças: “Antes só do que mal-acompanhado” ou “Antes mal-acompanhado do que só”. Quanto mais forte for a forma doente de amar, mais prevalece a segunda alternativa.

            Segundo Bion, o amar é uma relação resultante de elos, emocionais ou interacionais, que ligam duas ou mais pessoas ou duas ou mais partes do psiquismo de tais pessoas. Pode-se dizer que os comportamentos conjugais ou familiares são permeados por quatro tipos de vínculos básicos, sempre indissociados entre si: os de amor, ódio, conhecimento e reconhecimento. Cada um deles, enfocado isoladamente ou em conjunção com os demais, apresentam uma faceta própria chamada de principio da negatividade, ou seja, há um permanente conflito entre uma determinada emoção dos envolvidos.

            A primeira vista esse conceito pode parecer difícil, mas, certamente, deve existir algum exemplo bem perto de você. Normalmente a mulher frustrada, envolvida com um homem que ela ama, tenta manter as esperanças, porém, por razões diferentes, ele sempre se diz impedido de realizar as promessas de união estável e exclusiva com ela. Dessa forma ela vai cristalizando uma condição de excluída, de sorte a assumir o papel de uma “eterna reserva”, que ás vezes assume o papel de “titular” e outras o papel de amante, para utilizar uma linguagem futebolística. Ao ser questionada, as desculpas dela giram em torno de várias situações, sempre justificando o vínculo patológico a fim de não romper o namoro.

            Situações embrulhadas como essa também ocorrem em casamentos fortemente legalizados. De maneira geral são casais que vivem sob o mesmo teto, mas que não conseguem ficar sós e, tampouco, separados, razão pela qual a relação tende a se eternizar com inúmeros intervalos de separações seguidos de reaproximações em um círculo vicioso interminável. Pode ser que ele/ela tenham vários parceiros(as), mas, certamente, nunca será a mesma coisa, e entre tapas e beijos a natureza do relacionamento adquire uma configuração sado-masoquista em que os papeis podem ser fixos ou alternantes.

            No entanto é indiscutível que todo masoquista tem seu lado sádico e vive-versa, ou seja, quem domina também quer ser dominado e quem é dominado também quer dominar. Assim tem origem os casais que dissociam e projetam no parceiro o lado sádico ou masoquista, o que torna a separação muito difícil, pois a perda do outro é como se fosse uma perda irreparável. .

             Existem várias classificações quanto à forma patológica de amar e todas elas necessitam ser tratadas, seja por analise individual ou de casal, caso contrário tal vinculo perpetuará por toda a vida conjugal, ou até mesmo, se não resolvida adequadamente por meio de analise, por toda a existência de cada sujeito, mesmo separado de sua atual “cara-metade”.  

Por Erlei Perini - CRP 12/7475